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terça-feira, julho 28, 2009

Tour de France de 'A' a 'Z'

Hushovd, Andy Schleck, Pellizotti e Contador foram os grandes vencedores
Fotos GETTYIMAGES, REUTERS, ASSOCIATED PRESS

A de Alberto Contador. Aos vinte e seis anos, o espanhol já soma quatro grandes voltas no seu currículo: o Giro e a Vuelta de 2008 e os Tours de 2007 e 2009. Da sua capacidade como trepador, há muito que já não havia dúvidas mas a Volta a França deste ano confirmou a sua transformação num ciclista completo, capaz de fazer a diferença tanto nas montanhas como no contra-relógio. Numa prova difícil pelo ambiente no seio da Astana, a imagem que fica é a dos seus ataques explosivos em Arcalis e no Verbier, quando chegou à camisola amarela – enquanto os outros sofriam, a ligeireza de Contador era tal que até parecia fácil subir aquelas montanhas…

Contador subiu de amarelo ao pódio dos Campos Elísios pela segunda vez na sua carreira

B de Boonen. O belga continua a não aprender com os próprios erros: após ter ficado afastado do Tour 2008 devido a um controlo positivo para cocaína, a detecção da mesma substância em Abril deste ano obrigou-o a apelar ao Tribunal Superior Francês pelo direito a participar na Volta a França 2009. Tom Boonen (Quick Step) acabou por ser autorizado a entrar na corrida mas foi uma prestação que terminou sem honra ou glória com a sua desistência à 15ª etapa da prova. A imagem que fica é, talvez, a da sua queda em Barcelona, novamente atraiçoado por uma… linha branca.

C de Contra-Relógios. Os contra-relógios individuais continuam a ser decisivos para a atribuição da camisola amarela final: segundo no Mónaco, a dezoito segundos de Cancellara, e primeiro em Annecy, Alberto Contador ganhou tempo a todos os seus adversários nesta disciplina, beneficiando ainda da brilhante prestação da Astana no regressado contra-relógio por equipas. Esperemos que Andy Schleck possa seguir o exemplo de evolução na disciplina por parte de Contador e, assim, tornar-se num ciclista completo capaz de desafiar o espanhol em anos futuros.

D de Derrotados. Dos candidatos iniciais ao pódio, três foram autênticas desilusões: o vencedor do ano passado, Carlos Sastre (Cérvelo), nunca conseguiu seguir os melhores e descarregou as suas frustrações na imprensa; Cadel Evans (Silence-Lotto) começou a perder o seu Tour no contra-relógio por equipas e só teve capacidade para esboçar uns tímidos ataques nos Pirenéus, com Jurgen van den Broek a ameaçar o seu estatuto de líder da equipa; e, por fim, Denis Menchov (Rabobank), vencedor do Giro deste ano, só foi destaque pelas quedas que sofreu. No final, foram 17º, 30º e 51º classificados, respectivamente.

O comboio da Astana esteve bem oleado na estrada

E de Equipa. Nem a falta de harmonia interna impediu a Astana de vencer o contra-relógio e a classificação por equipas do Tour – e a verdade é que, enquanto no hotel as coisas corriam pelo pior, nunca a equipa de Johan Bruyneel fraquejou na estrada. Também em destaque estiveram a Team Columbia e a Liquigas: a primeira impressionou, etapa após etapa, pelo ‘comboio’ perfeito para o sprint de Mark Cavendish; a segunda evidenciou-se pelos valores individuais, com Franco Pellizotti a brilhar nas montanhas e dois jovens – Vicenzo Nibali e Roman Kreuziger – a terminarem no top ten da classificação geral.

F de Fugas. Em dezoito etapas em linha, metade resultaram em vitórias de ciclistas em fuga: Thomas Voeckler (Bouygues Telecom), Brice Feillu (Agritubel), Luis Léon-Sánchez (Caisse d’Épargne), Pierrick Fédrigo (Bouygues Telecom), Nicki Sorensen (Team Saxo Bank), Heinrich Haussler (Cérvelo), Serguei Ivanov (Team Katusha), Mikel Astarloza (Euskaltel-Euskadi) e Juan Manuel Gárate (Rabobank) foram todos heróis por um dia nesta Volta a França.

G de Gárate. Com tantos ciclistas vidrados numa vitória no Ventoux, o vencedor acabou por ser uma surpresa: Juan Manuel Gárate bateu o seu companheiro de fuga Tony Martin nos metros finais da 20ª etapa e, com o seu triunfo inesperado, ‘salvou’ a Volta até então para esquecer da Rabobank. Na entrevista após a etapa, o espanhol dizia ter sonhado com a vitória; e o facto é que conseguiu inscrever o seu nome na lista dos conquistadores do “Gigante da Provença”.

Hushovd ganhou a camisola verde... nas montanhas

H de Hushovd. Pela segunda vez na sua carreira, o sprinter norueguês subiu ao pódio dos Campos Elísios para receber a camisola verde. Venceu apenas uma etapa, na chegada a Barcelona; mas as impressionantes incursões nas montanhas das 8ª e 17ª etapas em busca dos pontos dos sprints intermédios justificam em pleno a conquista da classificação da regularidade. Perante a supremacia de Cavendish nas chegadas ao sprint com pelotão compacto, a experiência e sagacidade de Hushovd constituíram os antídotos perfeitos contra o domínio do inglês.

I de Irmãos Schleck. O mais novo, Andy, foi o único que conseguiu acompanhar Alberto Contador na montanha e viu o seu esforço recompensado com um mais que justo segundo lugar. Já Frank acabou por falhar o pódio – terminou no quinto posto da geral – mas, em compensação, conquistou a 17ª do Tour, cortesia de Alberto Contador e Andy, que preferiu dar a segunda vitória na Volta a França ao irmão em vez de ele próprio se estrear em triunfos em etapas. A união e o entendimento perfeito dos Schlecks prometem voltar a fazer estragos já no próximo ano…

Dupla perfeita: Andy venceu a camisola da juventude, Frank conquistou uma etapa

J de Juventude. Pelo segundo ano consecutivo, Andy Schleck foi o grande vencedor da camisola branca. Contudo, mais jovens estiveram em destaque no Tour 2009: os sétimo e nono lugares finais de Vicenzo Nibali e Roman Kreuziger assinalam a emergência de uma nova geração de grandes ciclistas enquanto Mark Cavendish e Tony Martin deram nas vistas por razões distintas – o primeiro confirmou o seu estatuto de melhor sprinter da actualidade enquanto o segundo deu um grande exemplo de combatividade no Ventoux, assumindo-se como um candidato a vitórias em etapas futuras.

K de Katusha. Presente na Volta a França a convite da organização, a equipa russa fez boa figura graças à vitória de Serguei Ivanov na 14ª etapa e ao nono posto final na classificação por equipas. Tendo em conta as prestações bem inferiores de equipas do Pro Tour como a Milram ou a Quick Step, a Katusha justificou em pleno a presença na prova-rainha do ciclismo mundial.

Foi bom ver Armstrong de regresso a alto nível

L de Lance Armstrong. O regresso do ‘Boss’ é a prova absoluta que “velhos são os trapos”: após três anos de afastamento da competição, Lance Armstrong terminou o Tour no pódio fazendo uso da sua experiência de ‘raposa velha’, ficando logo atrás de dois ciclistas com menos dez anos. Se, em certos momentos, ‘desiludiu’ ao não conseguir seguir na roda dos mais fortes, foi simplesmente porque nos deixou mal habituados ao longo das suas sete vitórias – e, mesmo assim, ainda houve arranques a fazer lembrar o Lance dos bons velhos tempos e aqueles célebres vinte centésimos de segundo de diferença para Cancellara após o contra-relógio por equipas que o impediram de voltar a envergar a 'maillot jaune'. Contudo, a maior vitória do norte-americano aconteceu fora da estrada: anteriormente odiado pelo público e imprensa francesa, Lance Armstrong conquistou um “Chapeau le Texan” como manchete do L’Équipe do último domingo, revelador da nova empatia gerada entre o heptacampeão e o público da casa. Por tudo isto, o anúncio da sua intenção de participar na Volta a França do próximo ano com a Team Radio Shack representa, sem dúvida, um bom prenúncio para o Tour de 2010.

M de Mark Cavendish. Pode ter perdido a camisola verde devido à desclassificação na 13ª etapa mas as suas seis vitórias ao sprint só encontram paralelo nas prestações de Charles Pelissier e René le Greves na longínqua década de trinta. Frequentemente descrito como arrogante, o britânico, porém, nunca se esqueceu de agradecer à equipa – e, agora que já sabe que consegue passar as montanhas do Tour, tem tudo para dominar a classificação por pontos das próximas edições da Volta a França.

Cavendish é, sem dúvida, o melhor sprinter da actualidade

N de Nocentini. O ciclista italiano da Ag2r chegou à liderança da prova na sequência de uma fuga na sétima etapa, que lhe deu o quarto lugar na chegada a Arcalis. No balanço final do Tour, Rinaldo Nocentini junta ao inesperado 14º posto da classificação geral o facto de ter sido o homem que mais dias envergou a camisola amarela: a sua boa prestação nos Pirenéus permitiu-lhe conservar a liderança durante um total de oito etapas, até à primeira jornada nos Alpes.

O de Orgulho. Como que a compensar a ausência de portugueses no ano passado, este ano foi um orgulho ver dois representantes das cores nacionais a participar no Tour. Sérgio Paulinho destacou-se pelo trabalho excepcional em prol da Astana e, se dúvidas havia, o brinde especial com Contador na última etapa constitui um testemunho da sua importância para a vitória do espanhol. No final, a 35ª posição na classificação geral assume-se como um motivo de satisfação pessoal, já que supera largamente o 65º posto de 2007. Quanto a Rui Costa (Caisse d’Épargne), o abandono forçado após uma queda na décima primeira etapa representou apenas o último episódio de uma sequência de azares – contudo, o jovem português saberá valorizar o que de bom recolheu desta experiência e esperamos voltar a vê-lo brilhar na maior prova velocipédica do mundo já no próximo ano.

Sérgio Paulinho brindou com Contador e Armstrong na última etapa

P de Pellizotti. Terceiro classificado no Giro d’Itália 2009 – e prestes a ser promovido ao segundo lugar após o teste positivo de Danilo di Luca -, o ciclista da Liquigas esteve em grande neste Tour, não dando hipóteses a Egoi Martinez (Euskaltel-Euskadi) na luta pela camisola de montanha. Distinguido com o prémio da combatividade na 9ª e 16ª etapas da prova, Pellizotti foi ainda eleito como o ciclista mais combativo da Volta a França 2009, assinando uma exibição memorável ao longo destas três semanas.

Pellizotti não teve rival à altura na luta pela camisola às bolinhas vermelhas

Q de Quezílias. Durante toda a Volta a França, a difícil convivência na Astana nunca foi segredo – basta lembrar as críticas de Armstrong, Leipheimer e Bruyneel a Contador quando um ataque deste deixou Klöden apeado – mas, agora que o Tour acabou, as disputas começam a chegar a público. Sérgio Paulinho escrevia anteontem no seu diário para a Eurosport que o aspecto mais negativo fora o ambiente na equipa. Ontem, no regresso a Madrid, Contador criticou abertamente Armstrong, negando qualquer tipo de admiração pelo norte-americano. O ‘Boss’ não se deixou ficar e, via Twitter, respondeu que o ‘pistolero’ ainda tem muito que aprender. Se a agressividade deste duelo de palavras passar para a estrada, o Tour do próximo ano promete pegar fogo…

R de Rádio. As experiências da organização da Volta a França não poderiam ter corrido pior: a proibição do uso de rádios na décima etapa resultou numa jornada de protesto do pelotão, disputada em ritmo muito lento, que acabou por conduzir ao levantamento de igual restrição para a décima terceira etapa. A discussão em torno dos benefícios do rádio para o ciclismo ainda não terminou mas os ciclistas deixaram bem claro que o Tour não é o lugar indicado para este tipo de experiências.

S de 'Spartacus', o nome por que é conhecido no pelotão Fabian Cancellara (Team Saxo Bank). O campeão olímpico do contra-relógio mostrou as suas credenciais no Mónaco e, em consequência, foi o primeiro ciclista a vestir a camisola amarela no Tour 2009. O segundo lugar no contra-relógio de Annecy pode ter ficado aquém dos seus objectivos pessoais mas ‘Spartacus’ continua a ser um dos favoritos do público por momentos como a espantosa descida na sétima etapa, no último dos seus seis dias como líder.

Cancellara andou de amarelo durante seis dias

T de 'Trois'. Antes do início da Volta a França dizia-se que o ciclismo francês estava em crise mas o saldo de três vitórias em etapas – Voeckler à quinta, Feillu na sétima e Fédrigo na nona – constitui, sem dúvida, um dos seus melhores registos da última década. O décimo lugar final de Christian Le Mével (FDJ) foi a cereja no topo do bolo para o público da casa.

U de Uran. Longe vão os anos em que os ciclistas colombianos brilhavam nas montanhas da Volta a França: este ano, Rigoberto Uran (Caisse d’Épargne), o 52º classificado na chegada a Paris, foi o melhor representante da Colômbia, superando Leonardo Duque (Cofidis) num Tour sem história para o ciclismo deste país da América do Sul.

V de Voigt. Todos os anos há uma queda que marca a Volta a França – desta vez, a ‘fava’ saiu ao veterano Jens Voigt (Team Saxo Bank), que mergulhou contra o asfalto na 16ª etapa e ainda esteve a centímetros de ser atropelado por uma das motas de acompanhamento da prova. As imagens falam por si…

W de Wiggins. Provavelmente a maior revelação do Tour 2009, Bradley Wiggins terminou a prova no quarto posto, a uns meros trinta e sete segundos de Lance Armstrong. O ciclista da Garmin concretizou a sua transformação de especialista de contra-relógios para um trepador competente e tem agora aspirações legítimas a um pódio – ou, quem sabe, a uma vitória – nas próximas edições da Volta a França.

Wiggins ainda ameaçou o pódio de Lance Armstrong

X de Xeque-Mate. Num Tour atípico, a acção nunca passou por ‘aquele’ momento decisivo, com a classificação final a resultar antes de uma soma de pequenos ataques. Contador começou a marcar terreno em Arcalis, esperou o Verbier para chegar à camisola amarela e confirmou a vitória no contra-relógio individual de Annecy. A estratégia de ataque total do espanhol foi notável mas Lance Armstrong também merece uma referência pelo modo como converteu a sua experiência em quarenta e cinco segundos determinantes para o terceiro lugar final. Ciclismo e xadrez não são desportos tão distantes quanto parecem à primeira vista…

Y de Yauheni Hutarovich. O nome pode ser desconhecido mas este sprinter bielorrusso fica para a história como o lanterna-vermelha da Volta a França 2009, tendo alcançado Paris na 156ª posição a 4h16’27’’ do vencedor. Contudo, o ciclista da Française des Jeux ainda teve que enfrentar a competição feroz de Kenny Van Hummel (Skil-Shimano) por esta ‘distinção’, com o holandês a acabar por desistir na 16ª etapa, quando era já uma verdadeira estrela por ser dos últimos classificados quase todos os dias.

Z de Zzzzz.... O Tour deste ano teve mais público na estrada, em grande parte devido à curiosidade em torno do regresso de Armstrong – até Christian Prudhomme reconheceu o impacto mediático do norte-americano. Contudo, numa análise a frio, e sem desvalorizar as grandes prestações de Contador, Andy Schleck, o próprio Armstrong ou ainda Mark Cavendish, a Volta a França deste ano esteve boa para… dormir. Nas montanhas, apenas Contador foi verdadeiramente capaz de atacar; nas etapas em plano, a atitude do pelotão foi frequentemente passiva e Cavendish nunca teve rival à altura; e, acima de tudo, o percurso da prova não exponenciou a competição. O Tourmalet a setenta quilómetros da meta foi, sem dúvida, o maior erro da organização mas a própria etapa do Mont Ventoux defraudou as expectativas – três semanas de espera transformaram-se numa subida sem história porque o Tour já estava praticamente decidido. Agora resta desejar que a Volta a França do próximo ano possa corresponder na estrada ao entusiasmo dos fãs de todo o mundo…

Artigo de Livre Indirecto
Publicado às 12:20


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