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UM TOUR PARA NÃO ESQUECER O DOPING - No ano passado, a 'bomba' caiu três dias depois da Volta a França acabar; este ano, com cinco etapas por completar, o Tour já está oficialmente arrasado. Alexandre Vinokourov, vencedor de duas etapas na presente edição e um dos principais favoritos à partida, registou um controlo positivo para transfusão homóloga, isto é, verificou-se a existência de glóbulos vermelhos de dois tipos diferentes no seu sangue (o que significa que terá recebido uma transfusão de um dador compatível) após o contra-relógio que ganhou no passado sábado. Em consequência, o ciclista cazaque foi automaticamente expulso da Volta a França e a sua equipa, a Astana, com Andréas Klöden e Andrey Kashechkin no top ten da geral, decidiu retirar-se após ter sido "convidada" a fazê-lo.

Entretanto, o cisma já se alastrou: o camisola amarela Michael Rasmussen tem andado nas bocas do mundo nos últimos dias por ter faltado a dois controlos extra-competição pedidos pela UCI (sendo que, à terceira falta, é considerado como um controlo positivo) e, apesar de [ainda?] não ter registado qualquer resultado suspeito no Tour, vê a sua continuação em prova ameaçada pelas suspeitas que recaem sobre ele. A organização da prova quer evitar a todo custo a repetição da situação do ano passado (quando Floyd Landis, o vencedor, foi controlado positivamente) e existem pressões para que o dinamarquês não continue em prova, de modo a não desgastar ainda mais a imagem do ciclismo.

O artigo de apresentação da Volta a França aqui no Livre Indirecto foi intitulado "Um Tour para esquecer o doping?". Quinze etapas depois, a resposta ficou clara: é um Tour para NÃO esquecer o doping... Aliás, com a modalidade a afundar-se cada vez mais num abismo sem fim à vista, parece que o ciclismo é que será esquecido.