INTERNACIONAL
Siena - Inter: o jogo do título italiano
» Um olhar português no Artemio Franchi de Siena*
* por Alexandra Schutz
Domingo de sol em Itália, e pelo menos 15 000 pessoas trocaram a praia pelo Estádio Artemio Franchi, na Praça central de Siena. O bronzeado seria obtido com a mesma eficácia, depois de duas horas de angústias saltitantes e gritos cantados sob o sol ardente, até saber se já havia Campeão!
O burburinho de excitação ia crescendo a cada passo que dávamos em direcção ao Estádio, com o som dos cânticos a subir de volume e a massa de pessoas a intensificar-se.
Apesar dos conflitos entre adeptos serem a nova moda do “calcio”, respirava-se uma atmosfera pacífica nas bancadas quase lotadas. Para tal, pode ter contribuído o facto de os bilhetes para o público feminino custarem 7€ menos que os restantes (20€), tendo então havido uma grande afluência desse espectador mais ordeiro que é a "donna". Mas acima de tudo, as pessoas tinham vindo para fazer a festa que é o futebol e não para estragá-la!
De um lado a "Robur", com as imponentes bandeiras pretas e brancas, e um plantel internacional de estudantes (onde eu me incluo), não fosse Siena uma cidade universitária por excelência. Do outro, saltava à vista a "Curva Nord" com balões e bandeiras, e o sonho do título em cada olhar.
Tínhamos menos adereços, em sinal de protesto contra as novas leis do Futebol, derivadas dos incidentes de Fevereiro, mas nem por isso menos espírito! Na entrada em campo de Chiesa, os aplausos soaram um entusiasmo especial! E mesmo se estivesse o Inter a ganhar terreno, com um Ibrahimovic sempre ameaçador, fora das 4 linhas era o "Forza Siena alè" que dominava o Estádio!
Ao primeiro golo de Materazzi porém, foi a vez de outras vozes se erguerem "Inter! Inter!", como se já estivessem a ver o troféu nas mãos do capitão! Não foi um golo bonito, foi mais um "Sudoku" de pés que veio abalar a esperança de ver um David bater um Golias. Eis se não quando, Paolo Negro bate de facto Júlio César, e essa esperança renasce, na histeria que fez estremecer o Estádio de cima abaixo!
Entretanto, outras esperanças se acalentavam e se faziam ouvir, à medida que o resultado da Roma ia aparecendo no ecrã gigante.
» Lo Scudetto cada vez mais próximo
São minutos imprevisíveis que fazem o desporto rei, e foi num desses que na segunda parte se consagrou a vitória Azul e Preta, sob um penálti que Materazzi concretizou, duas vezes. A esta altura, enquanto os "tiffosi" do Inter estavam ao rubro, os da "Robur" concentravam a sua revolta em Materazzi e no árbitro. "Come la Juve! Voi siete come la Juve!" eram as palavras de ordem contra um penálti que já não ia voltar atrás. E não só os escândalos mas também as rivalidades do futebol italiano vinham transformadas em cantigas: de um lado "Chi no salta è rosso e nero!" e do outro "Chi no salta è fiorentino!".
Bolas ao lado, bolas na grande área sem ninguém para cabecear, e bolas! Que houve tantas oportunidades e mais nenhum golo "Bianconero"...
O apito final mal se ouviu, logo abafado pela claque esfuziante! Um daqueles quadros que as palavras não chegam para pintar, com os jogadores do Inter unidos em abraços de alegria e toda a equipa saltando incessantemente com os seus adeptos, entre lágrimas e sorrisos. Houve invasão de campo e a polícia de choque teve que intervir para acalmar os ânimos (não estivéssemos nós em Itália).
Resultado final: Siena, 1 - Internazionale, 2.
Um pequeno senão: Figo, tal como a cartolina que pensei trazer com o seu nome, não chegou a aparecer por estar castigado...
Não arrisco comentários de teor técnico mas posso garantir que houve espectáculo e que a festa foi de todos, uns mais que outros, por razões óbvias. Também não entrevistei ninguém, mas dos jogadores aos adeptos, passando pela equipa técnica, ouvi o que todos eles tinham a dizer. Era uma coisa só: "I campioni dell’Italia siamo noi!!!".
* por Alexandra Schutz
Domingo de sol em Itália, e pelo menos 15 000 pessoas trocaram a praia pelo Estádio Artemio Franchi, na Praça central de Siena. O bronzeado seria obtido com a mesma eficácia, depois de duas horas de angústias saltitantes e gritos cantados sob o sol ardente, até saber se já havia Campeão!
O burburinho de excitação ia crescendo a cada passo que dávamos em direcção ao Estádio, com o som dos cânticos a subir de volume e a massa de pessoas a intensificar-se.
Apesar dos conflitos entre adeptos serem a nova moda do “calcio”, respirava-se uma atmosfera pacífica nas bancadas quase lotadas. Para tal, pode ter contribuído o facto de os bilhetes para o público feminino custarem 7€ menos que os restantes (20€), tendo então havido uma grande afluência desse espectador mais ordeiro que é a "donna". Mas acima de tudo, as pessoas tinham vindo para fazer a festa que é o futebol e não para estragá-la!
De um lado a "Robur", com as imponentes bandeiras pretas e brancas, e um plantel internacional de estudantes (onde eu me incluo), não fosse Siena uma cidade universitária por excelência. Do outro, saltava à vista a "Curva Nord" com balões e bandeiras, e o sonho do título em cada olhar.
Tínhamos menos adereços, em sinal de protesto contra as novas leis do Futebol, derivadas dos incidentes de Fevereiro, mas nem por isso menos espírito! Na entrada em campo de Chiesa, os aplausos soaram um entusiasmo especial! E mesmo se estivesse o Inter a ganhar terreno, com um Ibrahimovic sempre ameaçador, fora das 4 linhas era o "Forza Siena alè" que dominava o Estádio!
Ao primeiro golo de Materazzi porém, foi a vez de outras vozes se erguerem "Inter! Inter!", como se já estivessem a ver o troféu nas mãos do capitão! Não foi um golo bonito, foi mais um "Sudoku" de pés que veio abalar a esperança de ver um David bater um Golias. Eis se não quando, Paolo Negro bate de facto Júlio César, e essa esperança renasce, na histeria que fez estremecer o Estádio de cima abaixo!
Entretanto, outras esperanças se acalentavam e se faziam ouvir, à medida que o resultado da Roma ia aparecendo no ecrã gigante.
» Lo Scudetto cada vez mais próximo
São minutos imprevisíveis que fazem o desporto rei, e foi num desses que na segunda parte se consagrou a vitória Azul e Preta, sob um penálti que Materazzi concretizou, duas vezes. A esta altura, enquanto os "tiffosi" do Inter estavam ao rubro, os da "Robur" concentravam a sua revolta em Materazzi e no árbitro. "Come la Juve! Voi siete come la Juve!" eram as palavras de ordem contra um penálti que já não ia voltar atrás. E não só os escândalos mas também as rivalidades do futebol italiano vinham transformadas em cantigas: de um lado "Chi no salta è rosso e nero!" e do outro "Chi no salta è fiorentino!".
Bolas ao lado, bolas na grande área sem ninguém para cabecear, e bolas! Que houve tantas oportunidades e mais nenhum golo "Bianconero"...
O apito final mal se ouviu, logo abafado pela claque esfuziante! Um daqueles quadros que as palavras não chegam para pintar, com os jogadores do Inter unidos em abraços de alegria e toda a equipa saltando incessantemente com os seus adeptos, entre lágrimas e sorrisos. Houve invasão de campo e a polícia de choque teve que intervir para acalmar os ânimos (não estivéssemos nós em Itália).
Resultado final: Siena, 1 - Internazionale, 2.
Um pequeno senão: Figo, tal como a cartolina que pensei trazer com o seu nome, não chegou a aparecer por estar castigado...
Não arrisco comentários de teor técnico mas posso garantir que houve espectáculo e que a festa foi de todos, uns mais que outros, por razões óbvias. Também não entrevistei ninguém, mas dos jogadores aos adeptos, passando pela equipa técnica, ouvi o que todos eles tinham a dizer. Era uma coisa só: "I campioni dell’Italia siamo noi!!!".
