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quinta-feira, janeiro 26, 2006

LIVRE OPINIÃO
Eu, o Meu Caderno e o Outro

» Outro: Marítimo - A "Revolução Estável" de Bonamigo

O Marítimo actual está francamente melhor que o que começou a época. O leitor mais desatento afirmará que Paulo Bonamigo terá efectuado uma verdadeira "revolução" quando chegou ao clube da Madeira. Contudo, o que se passou foi exactamente o contrário. Como fundamentarei adiante, um dos trunfos de Bonamigo foi a estabilidade que conseguiu empregar no grupo de jogadores.

Rui Rodrigues (Juca) e as primeiras cinco jornadas do campeonato

Rui Rodrigues, homem da casa maritimista, foi chamado ao comando da equipa principal numa altura em que Mariano Barreto saiu.
Este ano, com um plantel muito modificado, teve grandes dificuldades em construir uma equipa e, em 5 jogos, conquistou apenas 2 pontos fruto de dois empates e três derrotas.
Os números são por si só preocupantes, mas mais preocupante será discernir sobre o onze-base que Juca apresentou nestes cinco jogos. O esquema táctico foi uma das dores de cabeça de Juca, já que oscilou entre o 4x4x2, o 4x3x3, tendo feito ainda uma incursão a um 5x3x2 com desdobramento ofensivo para 3x5x2 com especial destaque para as subidas dos laterais - Briguel e Evaldo.
Ao longo dos cinco jogos, Juca deu a titularidade a 20 jogadores distintos, onde apenas três foram titulares nesses cinco jogos - o guardião Marcos, o médio Wênio e o médio ofensivo Manduca. A irregularidade do onze base maritimista provocou, naturalmente, dificuldades táctico-técnicas entre os jogadores, dificultando o aproveitamento.
Um último destaque para as poucas presenças de jogadores como Mancuso (3 jogos a titular), Fahel (2), Kanu (1) e Marcinho (0).

Paulo Bonamigo e o conceito de "revolução estável"

Bonamigo entrou no Marítimo antes da complicada recepção ao Porto de Adriaanse.
Um brasileiro num clube com possibilidade de fazer uma convocatória só com brasileiros.
Naturalmente, a entrada de um treinador num clube é saldada por várias mudanças, mas Bonamigo acabou por inovar nesse campo.
O onze que Bonamigo apresentou nesse jogo tornou-se, com apenas uma mudança (Kanu para o lugar de Nilson Sergipano) no onze base de qualquer jogo do Marítimo até a paragem do Natal. A verdade é que nos onze jogos que se seguiram - da 6ª à 16ª jornada - Bonamigo somou 19 pontos, fruto de cinco vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas (em casa com o Benfica e na Choupana com o Nacional em jornadas consecutivas).
Pasme-se agora para os números apontados por Bonamigo nestes jogos. Em 11 jogos, apenas 17 jogadores mereceram a titularidade.
Desde cedo que a estabilidade de um onze e de um esquema táctico definido prometeu dar frutos e a verdade é que este Marítimo aparece transfigurado para melhor.

Na baliza, o brasileiro Marcos mantém a confiança e é totalista. A defesa, sector que, apesar de tudo, Juca efectuava poucas mudanças, conta com três totalistas. Briguel, Evaldo e Van der Gaag merecem a total confiança. As poucas mudanças prendem-se com o segundo central. Valney começou por ganhar a corrida, mas a expulsão ante o Porto e algumas exibições menos conseguidas acabaram por iniciar um ciclo de alguma rotatividade com o português emprestado pelo Chelsea - Nuno Morais.

Os seis "magníficos"

Se na defesa há poucas mudanças, os números apresentados do meio-campo para a frente são impressionantes. Salvo em raríssimas excepções, Fahel, Mancuso, Wênio, Marcinho, Manduca e Kanu formaram um grupo de seis magníficos.
A escolha de seis brasileiros não será de todo descabida. Numa primeira linha do meio-campo, encontramos Fahel, Mancuso e Wênio. Fahel, jogador tacticamente quase perfeito é um elemento preponderante na segurança ofensiva que o Marítimo tem. A boa disponibilidade física do jogador permite-lhe efectuar uma excelente cobertura defensiva, dando ainda espaço para as subidas nas laterais para Briguel e, sobretudo Evaldo. Mais à frente, Mancuso e Wênio. Dois jogadores com características complementares.
Por um lado, Mancuso é um jogador com uma postura irrepreensível. Tacticamente culto, da escola do escrete, ataca tão bem como defende. Sem possuir uma zona de acção muito abrangente, joga e sabe fazer jogar. Ao seu lado, Wênio distingue-se pela força que incute a cada lance que discute. Da "escola" de Dinda, Wênio "joga para a frente" e é fundamental no desdobramento ofensivo e na marcação dos ritmos de jogo numa primeira fase.
E é aqui que surge Marcinho. Um criativo muito rápido, explosivo no 1x1 e com boa técnica. As carências defensivas são naturalmente suprimidas pelos jogadores que tem nas costas. Esta segurança permite-lhe a liberdade de explanar o seu futebol a toda a largura ofensiva do terreno, deambulando nas costas de Manduca e Kanu, incidindo com alguma frequência nas duas faixas laterais do terreno.
Manduca dispensa apresentações. Kanu, por seu turno, revelou-se fulcral numa boa parte dos pontos alcançados pelo Marítimo. Tapado numa primeira fase da época, surge no segundo jogo de Bonamigo, aproveitando a expulsão de Nilson Sergipano. Sem ser um avançado nato, Kanu actua com naturalidade na zona do ponta-de-lança e revela um oportunismo importante para os objectivos da equipa. Marcando nas vitórias frente à Naval e ao Braga e nos empates na Amadora e com Boavista em casa, Kanu tem garantido pontos importantes.

Além do onze-base (12 se incluirmos a rotatividade de Nuno Morais com Valney), Bonamigo utilizou ainda mais cinco jogadores. Contudo, nunca se revelaram apostas prementes. Nilson Sergipano (1), Youssuf (1), Júnior Bahia (1), Fernando Silva (2) e Walter Júnior (1) complementam a tese que Bonamigo construiu, desde o primeiro jogo, um núcleo duro de 12 jogadores que mereceram toda a sua confiança, onde não há espaço para mudanças de disposição ou mesmo de jogadores.
Com a saída de Manduca, Bonamigo perdeu um dos mais importantes esteios desse núcleo, mas hoje conhece já a realidade do clube que comanda.

Bonamigo rejeitou o conceito de revolução. Criou sim o conceito de "revolução estável". Os resultados estão à vista.

Artigo de Rui Silva
Publicado às 00:14


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