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sábado, outubro 29, 2005

LIVRE OPINIÃO
Tempo Livre #3

» Quando o profissionalismo deixa de ser fonte de rendimento



Os jogadores do Vitória de Setúbal não recebem pelo que trabalho que têm. Não são caso único em Portugal, quer se fale em desporto, quer se fale em empregos do quotidiano português sem contorno mágico como o futebol adquire.
Provavelmente, existirão trabalhadores em Portugal que não recebem há mais tempo, contudo o caso dos jogadores vitorianos é o mais mediático em Portugal.

Que motivação terão jogadores que, entregues desde cedo à paixão pela redonda, enveredaram pelo caminho da "redonda", abandonando, em certos casos, os estudos e os planos que os seus pais tinham para futuros médicos, engenheiros, médicos.. entre outras profissões não menos dignas?
A verdade é simples! O futebol não é um conto de fadas. Nem pouco mais ou menos. Os milhares de contos mensais de que se falam estão ao alcance de um número bastante reduzido em Portugal. Exceptuando os três grandes, dificilmente um clube português pagará a um jogador mais que cinco mil contos. Ainda mais longe desta realidade, dificilmente um clube como a Naval, Estrela da Amadora, Setúbal (entre outros) terá a disponibilidade de pagar mais que mil contos aos seus jogadores. Ser jogador de futebol não é sinónimo de mansões, frota de carros luxuosos e férias em ilhas paradísiacas.

Que motivação restará aos jogadores? A paixão pelo futebol. A vontade de sair de casa cedo e jogar, semana após semana, com outra equipa, contra outros profissionais que fazem do futebol a sua fonte de rendimento. Norton de Matos reconhece esta dificuldade económica-financeira. Recorde-se que esteve no Sporting como director numa altura que as contas do clube atravessavam um mau momento, ainda antes de se tornar Sociedade Anónima Desportiva. O técnico sabe que pode acontecer, contudo não devia. Cada um tem de olhar para as suas capacidades e moldar o seu projecto em conformidade. Não exagerarei ao dizer que o histórico Oriental (a militar na II Nacional) tem um orçamento inferior a muitas equipas da Distrital de Lisboa. Porquê? Os tempos são outros. As fontes de rendimento não são regulares. Em poucas palavras... quem não tem dinheiro, não tem vícios. E, neste caso, o Oriental parece ser um condenado à despromoção.
Em Setúbal, clube onde pontificaram em tempos grandes nomes do futebol português e, mais tarde, na década de 90 encontrámos Rashidi Yekini, Hélio, Ayew...entre outros é hoje composta por jogadores que vieram para o Setúbal em busca de dar o salto. A ilusão de ganhar estabilidade num clube primodivisionário não passou disso, uma mera ilusão.

No entanto, a dignidade e a paixão pelo futebol garantiram ao histórico Setúbal 13 pontos em 8 jogos, os mesmos que Boavista e Sporting. O que aconteceria se os jogadores do Sporting estivessem na mesma posição? Já teriam 13 pontos? Ainda estariam a jogar?

Os jogadores do Setúbal merecem o maior respeito e dão-nos um excelente exemplo que o futebol não pode ser encarado apenas como um negócio. No fundo, mesmo que em segundo plano, vive ainda o sentimento de paixão pelo futebol, pelos jogos de Domingo à tarde, em que paira no ar o cheiro a relva cortada, as castanhas que se vendem e o som dos vendedores que apregoam os seus produtos.
O corpo do futebol pode ter sido vendido ao negócio. A alma? A alma parece resistir.
Haja alma!

Artigo de Rui Silva
Publicado às 14:37


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