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quinta-feira, outubro 27, 2005

LIVRE OPINIÃO
Tempo Livre #2

» Quando o caso se torna sério

O Braga do professor Jesualdo Ferreira não é uma revelação, é uma confirmação. Comandado por um técnico com grande experiência com jovens, Benfica e Alverca, Jesualdo Ferreira está a ter espaço em Braga para o seu próprio projecto.

Uma equipa sem tiques de vedetismo e moldada à sua imagem. Os seus “alunos” assimilam a lição cada vez melhor. O Braga surge no futebol português num panorama diferente ao que surgiu o Boavista. Jaime Pacheco incutiu nos seus jogadores o afinco, a garra, a agressividade e a força necessária para responder aos momentos de maior pressão. A força do Boavista era, exactamente, a sua força. Também o Boavista teve uma época de afirmação, dois anos antes de se sagrar campeão nacional. O Braga poderá fazê-lo em anos consecutivos.

A força do Braga é, por assim dizer, uma técnica. Os seus jogadores interpretam na perfeição as suas tarefas. Cada um sabe exactamente o que fazer e, ao contrário de algumas equipas, Jesualdo Ferreira consegue retirar de cada jogador uma vantagem para pôr em jogo.
Os bracarenses são a equipa que melhor defende em Portugal e, provavelmente, a equipa que melhor interpreta os processos defensivos na Europa (não confundir interpretação dos processos defensivos com “defender melhor”).

Na baliza, Paulo Santos é o baluarte da equipa. Em 11 jogos oficiais, o Braga sofreu dois (2!) golos – Estrela Vermelha e Rio Ave, ou seja, um golo sofrido a cada 495 minutos. No entanto, Paulo Santos é acompanhado semanalmente por um quarteto de luxo. Abel na direita é sinal de regularidade e coesão defensiva. Este jogador chamou-me à atenção quando jogou em Alvalade a época passada. Regular à imagem de Paulo Ferreira. Defende muito bem e não enjeita a possibilidade de atacar. Nunes e Nem formam actualmente a dupla de centrais mais valiosa do campeonato português.

O ex-gilista, natural de Castelo de Paiva e com apenas 28 anos (pouco para um central, apesar de tudo), esteve a um passo de integrar o plantel do Sporting. Azar para o Sporting , sorte para o Braga. A verdade é que este jogador alia a garra de Jorge Costa nos seus tempos áureos com a regularidade de Mozer. Sem brilhar, Nunes é impecável no jogo aéreo, implacável na marcação e tem em Nem o seu complemento perfeito.

O brasileiro é um autêntico pilar na defesa. Com uma força sobrenatural, Nem é, provavelmente, um dos melhores centrais brasileiros a jogar em Portugal depois de Ricardo Gomes e Mozer (Luisão e Anderson serão outros dois).

O professor Jesualdo tem ainda uma reserva de luxo. Paulo Jorge, já com vários anos de Braga, cumpre com rigor sempre que é chamado à titularidade. Na esquerda da defesa, mora a magia de Jorge Luiz. Muito ofensivo, é um autêntico quebra-cabeças ao seu adversário directo. Imagino o que dirá um treinador a um jogador que enfrentará Jorge Luiz pela frente. Um médio-ala direito, com evidentes funções ofensivas, é remetido para as preocupações defensivas e, a partir do momento em que um jogador nesta posição se preocupa mais em defender, é um jogador a menos no processo ofensivo da sua equipa. Ganha o Braga.

Andrés Madrid foi o sucessor natural de Luís Loureiro. O argentino de 24 anos recrutado ao Gimnasia é fundamental na coesão defensiva e coerência de jogo que o Braga apresenta. Transmite segurança ao meio-campo criativo (Vandinho, Jaime, Hugo Leal), bem como compensa Jorge Luiz nas suas muitas subidas. A crescer de importância no Braga, Andrés Madrid tem qualidade para qualquer um dos grandes em Portugal e, de acordo com os problemas que Sporting e Porto enfrentam, seria titular mais tarde ou mais cedo. No Benfica, Petit vai chegando para as encomendas.

O meio-campo bracarense conta ainda com Davide (jovem revelação subaproveitado no Estrela de Amadora), Rossato (vítima das negociatas de Pinto da Costa e que regressou a Portugal em busca de melhores momentos) e Luís Filipe (jogador que parece dar-se perfeitamente com os ares de Braga). Na frente, João Tomás e Delibasic servirão para as encomendas quando estiverem em plenas condições físicas. Por agora, Maxi Bevacqua tem sido chamado. Compensa a ineficácia com a disponibilidade durante todo o jogo.

É esta a realidade do Braga. Uma equipa que soube assentar a sua base em defender bem (sem para isso ter que cometer muitas faltas). No entanto, o estilo do Braga não é anti-futebol. Pelo contrário, é um regozijo observar o “bailado” que os bracarenses interpretam em campo. Partindo de uma defesa coesa e organizada, passando por trinco sustentador e um meio-campo criativo, o Braga peca ainda pelos fracos índices de finalização. Nada mau para uma equipa que, numa semana, perdeu João Alves e Wender.
Jesualdo Ferreira, metódico como todos os professores, e prático como um verdadeiro treinador, soube planear uma EQUIPA para a época. Uma equipa forte mentalmente que enfrenta todos os jogos da mesma forma, sem qualquer tipo de menosprezo para os adversários. Algo que não acontecia, por exemplo, no Belenenses de Carvalhal e que sucede anualmente nos grandes.

O Braga teve ainda outra vantagem que durou até ao jogo Porto-Benfica. Poucos o levavam a sério quando confrontado com o “fabuloso” futebol do Porto. A verdade é que está já com 3 pontos de vantagem sobre Porto e 4 sobre o Benfica e não dá o menor sinal de hesitação. A continuar assim, arrisca-se seriamente a sair vitorioso dos constantes conflitos e crises nas hostes de dragões, águias e leões.
O tempo o dirá. Jesualdo Ferreira agradece.

Artigo de Rui Silva
Publicado às 23:02


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