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segunda-feira, junho 27, 2005

LIVRE OPINIÃO
"Medicina Desportiva"

Cardiopatias - Vítima "Hugo Cunha"

Hugo Cunha morreu (mais). Em termos estatísticos é apenas mais um número, em termos mediático-desportivos é mais um caso que contribui para a muita apreensão que se vive actualmente no panorama desportivo português, nomeadamente no âmbitos dos testes médicos.

Hugo, Baião, Miki e Foé - quatro casos que marcaram os últimos dois anos.

Deixando de parte a tarefa do "ciber-jornalista" que todos aqui desempenhamos, centrar-me-ei em dois outros desempenhos: primeiramente, o facto de estar bem dentro deste assunto de medicina desportiva, tendo sido mesmo sujeito a uma intervenção cirúrgica ao coração por problemas cardíacos (aparentemente semelhantes aos de muitos casos); por último, o facto de pertencer aos escalões desportivos do futebol jovem desde 1993.
Após o número excessivo de casos semelhantes, muito se tem posto em causa a fiabilidade dos exames médicos praticados em Portugal, quer no futebol profissional, quer amador.
No começo da presente época, no futebol jovem amador, viveu-se uma autêntica guerra entre clubes e médicos de família. A responsabilidade de passar um atestado era uma "batata quente" que nenhum dos lados queria pegar. Os médicos estão "escaldados". Ao passar um atestado de aptidão para a prática desportiva, estão a responsabilizar-se pela saúde, pela vida do jovem. Se mesmo no futebol profissional, em que teoricamente os exames médicos são levados ao mais pequeno pormenor, surgem estes casos, não será de espantar que no futebol jovem amador, os jovens estarão muito mais propícios a estes incidentes.
Inevitavelmente, é colocada uma questão: - Doping! No futebol profissional são "famosos" os suplementos ditos vitamínicos, entre outros, que, tomados em excesso ou sem a devida precaução poderão ser uma ameaça iminente à saúde do atleta. Poderemos então culpar o doping? Não!
Não creio que essa seja a resposta de todos os problemas. Como se explicaria então os registos no futebol jovem? Tenho perfeita consciência que o meu caso nada teve a ver com isso. Tratou-se de uma deficiência congénita ou de algum problema cardíaco que, durante anos e anos de prática desportiva se veio a acentuar e degradar levando a uma série de TVI's (Taquicardia Ventricular Idiopática) que, se muito grave, poderá conduzir à morte. Em que consiste a TVI? A TVI consiste num súbito acelerar de batimento cardíaco em situação regular (não necessariamente em esforço) para números fora do normal (na casa das 200 p/min). A súbita aceleração do batimento cardíaco é provocada pela tal deficiência do miocárdio. A duração e gravidade da TVI depende de cada caso, mas raramente dura mais de 5 duros minutos. Poderá sentir-se apenas um cansaço estranho (daí o facto de muita gente não ter noção do que tem) até à morte.
Poderá a TVI ser prevenida? Poder-se-á remediar? Impede a futura prática desportiva?
Teoricamente, a TVI é asintomática, ou seja, uma simples despistagem médica nada acusará. Electrocardiogramas, ecocardiogramas, Holter's (electrocardiograma de 24horas) e provas de esforço são exames que em nada ajudam a revelar a sua existência. Os cardiologistas identificam o problema, baseado nos relatos dos pacientes, em caso de reincidência (como aconteceu comigo), porém, não estamos imunes a sucumbir fatalmente na primeira ocorrência.
A TVI leva a um tratamento relativamente simples. Uma pequena operação (cientificamente nomeada como Ablação ou Estudo Electrofisiológico) é feita com anestesia local, consistindo na introdução de "pequenos cabos" através da virilha, seguir a circulação sanguínea até ao coração, provocar ataques, identificar o problema e "queimar" a parte do músculo que provocava a TVI.
A TVI leva a um período de recuperação de duas semanas, sendo que, após esse período, a prática desportiva poderá ser retomada sem qualquer cuidado especial. Contudo, a ingestão de álcool ou cafeína poderão despoletar, eventualmente (ainda que numa hipótese remota) novos problemas. No entanto, a prática desportiva não é ameaçada, visto alguns dos internacionais portugueses da actualidade terem sido submetidos à mesma intervenção, nomeadamente o guardião Ricardo (no Verão passado, após o Euro) e Cristiano Ronaldo, ainda na idade de juvenil.
Hugo Cunha veio ressurgir as queixas da opinião pública relativamente ao estado da medicina desportiva em Portugal. Não sou cardiologista nem possuo conhecimentos científicos suficientes para analisar os casos recorrentes da actualidade desportiva ou identificar as causas que levaram à morte de Hugo Cunha, contudo tenho conhecimento que não será assim tão simples detectar deficiências do miocárdio que se poderão tornar fatais.
Por último, fica a questão mais pertinente e complicada de resolver. Porque será que os últimos dois anos nos trouxeram tantos casos? O que mudou na nossa sociedade para que este problema fosse cada vez mais visto? Alimentação? Sujeição às radiações de instrumentos electrónicos como o telemóvel que os estudos vão afirmando cada vez mais como prejudiciais à nossa saúde?
Fica a questão.

Artigo de Rui Silva
Publicado às 15:36


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